DIVULGANDO:
Congresso Internacional de Saúde Mental e Reabilitação Psicossocial
Data: de 11a 13 de junho de 2009
Local: Plaza São Rafael - Porto Alegre
Informações: www.officemarketing.com.br
terça-feira, 26 de maio de 2009
domingo, 24 de maio de 2009
HISTÓRICO DO ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO
O acompanhamento terapêutico (AT) teve seu surgimento estreitamente vinculado aos movimentos de desinstitucionalização que se propagavam em todo o mundo a partir da década de 60. Durante muito tempo, os portadores de doença mental foram mantidos isolados do convívio social, assim como outras pessoas que não eram consideradas produtivas, tais como prostitutas, mendigos, portadores de doenças venéreas, portadores de tuberculose, etc. Existiam espaços de internação, localizados a longa distância dos grandes centros, que eram utilizados para “isolar” estas pessoas que formavam a classe de excluídos da sociedade. (Foucalt,1993, Palombini, 2004).
Com o objetivo de reintegrar o doente mental ao convívio em sociedade e de humanizar o tratamento dos mesmos, iniciou-se uma gradual redução dos manicômios na Europa Ocidental e nos EUA. A partir daí, buscou-se uma alternativa aos tratamentos convencionais, sendo bastante difundido o modelo de comunidade terapêutica. Nesta nova etapa, as atividades eram realizadas priorizando a coletividade e a convivência em família como importantes fatores de melhora. Essa era uma maneira inovadora de tratamento aos portadores de transtornos psiquiátricos, somente viabilizada por uma equipe multiprofissional que se mantinha em atividade 24 horas por dia (Piccinini, 2006).
É neste contexto que tem início a prática do AT, embora ainda não com esta denominação e com uma configuração diferente da atual. O primeiro profissional a trabalhar com o que hoje chamamos de AT foi o médico e especialista em psiquiatria Eduardo Kalina, na Argentina. Ele tinha um jovem paciente usuário de álcool que necessitava de alguém que o auxiliasse em sua saída da instituição, na qual mantinha um vínculo simbiótico com outros pacientes adictos. Formou-se, assim, uma equipe de abordagem múltipla que se propunha a atender estes pacientes severamente perturbados, que já tinham se submetido a uma série de tratamentos anteriores sem sucesso, sob o nome de “amigo qualificado”. Neste momento, o vínculo com o paciente era amistoso e com um certo caráter assistencialista e a tarefa do profissional era basicamente de acompanhar o paciente, sendo desaconselhável o uso de qualquer técnica interpretativa (Cabral, 2005).
No Brasil, a Clínica Pinel foi uma das pioneiras a adotar o modelo das comunidades terapêuticas norte-americanas. Nesta instituição, desenvolvia-se a atividade de AT sob a denominação de “atendente grude” e, posteriormente, “auxiliar psiquiátrico”. O objetivo principal atribuído a este profissional era controlar o doente para que ele não atentasse contra a sua vida nem colocasse a vida de outros em risco. No entanto, quando o atendente passou a ser visto como um possível agente de intervenção pôde funcionar como ego auxiliar, ou seja, houve um redimensionamento da função A proposta de sair à rua com os pacientes, na época inovadora, enfrentou enormes barreiras até se firmar como uma modalidade possível de intervenção junto à doença mental, passando a ser chamada posteriormente de acompanhamento terapêutico.
Referências
Cabral, K. V. (2005). Contextualizando o Surgimento do Acompanhamento Terapêutico. In: Acompanhamento Terapêutico como Dispositivo da Reforma Psiquiátrica: Considerações sobre o Setting. Dissertação de Mestrado em Psicologia Social e Institucional. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Foucalt, M. 1993. História da Loucura na Idade Clássica. São Paulo: Perspectiva.
Palombini, A. (org). 2004. Acompanhamento Terapêutico na Rede Pública: a clínica em movimento. Porto Alegre: UFRGS.
Piccinini, W. J. (2006). História da Psiquiatria: O Acompanhante Terapêutico. Jornal de Psiquiatria: Porto Alegre.
O acompanhamento terapêutico (AT) teve seu surgimento estreitamente vinculado aos movimentos de desinstitucionalização que se propagavam em todo o mundo a partir da década de 60. Durante muito tempo, os portadores de doença mental foram mantidos isolados do convívio social, assim como outras pessoas que não eram consideradas produtivas, tais como prostitutas, mendigos, portadores de doenças venéreas, portadores de tuberculose, etc. Existiam espaços de internação, localizados a longa distância dos grandes centros, que eram utilizados para “isolar” estas pessoas que formavam a classe de excluídos da sociedade. (Foucalt,1993, Palombini, 2004).
Com o objetivo de reintegrar o doente mental ao convívio em sociedade e de humanizar o tratamento dos mesmos, iniciou-se uma gradual redução dos manicômios na Europa Ocidental e nos EUA. A partir daí, buscou-se uma alternativa aos tratamentos convencionais, sendo bastante difundido o modelo de comunidade terapêutica. Nesta nova etapa, as atividades eram realizadas priorizando a coletividade e a convivência em família como importantes fatores de melhora. Essa era uma maneira inovadora de tratamento aos portadores de transtornos psiquiátricos, somente viabilizada por uma equipe multiprofissional que se mantinha em atividade 24 horas por dia (Piccinini, 2006).
É neste contexto que tem início a prática do AT, embora ainda não com esta denominação e com uma configuração diferente da atual. O primeiro profissional a trabalhar com o que hoje chamamos de AT foi o médico e especialista em psiquiatria Eduardo Kalina, na Argentina. Ele tinha um jovem paciente usuário de álcool que necessitava de alguém que o auxiliasse em sua saída da instituição, na qual mantinha um vínculo simbiótico com outros pacientes adictos. Formou-se, assim, uma equipe de abordagem múltipla que se propunha a atender estes pacientes severamente perturbados, que já tinham se submetido a uma série de tratamentos anteriores sem sucesso, sob o nome de “amigo qualificado”. Neste momento, o vínculo com o paciente era amistoso e com um certo caráter assistencialista e a tarefa do profissional era basicamente de acompanhar o paciente, sendo desaconselhável o uso de qualquer técnica interpretativa (Cabral, 2005).
No Brasil, a Clínica Pinel foi uma das pioneiras a adotar o modelo das comunidades terapêuticas norte-americanas. Nesta instituição, desenvolvia-se a atividade de AT sob a denominação de “atendente grude” e, posteriormente, “auxiliar psiquiátrico”. O objetivo principal atribuído a este profissional era controlar o doente para que ele não atentasse contra a sua vida nem colocasse a vida de outros em risco. No entanto, quando o atendente passou a ser visto como um possível agente de intervenção pôde funcionar como ego auxiliar, ou seja, houve um redimensionamento da função A proposta de sair à rua com os pacientes, na época inovadora, enfrentou enormes barreiras até se firmar como uma modalidade possível de intervenção junto à doença mental, passando a ser chamada posteriormente de acompanhamento terapêutico.
Referências
Cabral, K. V. (2005). Contextualizando o Surgimento do Acompanhamento Terapêutico. In: Acompanhamento Terapêutico como Dispositivo da Reforma Psiquiátrica: Considerações sobre o Setting. Dissertação de Mestrado em Psicologia Social e Institucional. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Foucalt, M. 1993. História da Loucura na Idade Clássica. São Paulo: Perspectiva.
Palombini, A. (org). 2004. Acompanhamento Terapêutico na Rede Pública: a clínica em movimento. Porto Alegre: UFRGS.
Piccinini, W. J. (2006). História da Psiquiatria: O Acompanhante Terapêutico. Jornal de Psiquiatria: Porto Alegre.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
O trabalho do AT com pacientes esquizofrênicos
Os portadores de esquizofrenia necessitam de cuidados especiais, pois têm dificuldade de relacionamento com as pessoas e também no trabalho e atividades diárias. Entretanto, quando estimulados, podem apresentar melhoras significativas. O AT lida com casos de grande complexidade, nos quais somente as abordagens tradicionais, como psicoterapia e intervenção medicamentosa, não conseguem dar conta. Uma das dificuldades encontradas pelos profissionais que se dedicam ao atendimento de esquizofrênicos é a falta de resultados imediatos, o que acaba por desencorajar muitas pessoas.
O acompanhamento terapêutico constitui-se, dessa forma, em uma abordagem diferenciada, na qual o AT é o agente de saúde que se dispõe a acompanhar o paciente procurando entender a dinâmica de seu funcionamento e utilizando dos espaços sociais como possibilidade de intervenção para promoção de saúde (Palombini, 2004). O principal atributo do acompanhante terapêutico é complementar o trabalho do psicoterapeuta ou psiquiatra, atuando como alguém que busca restituir a possibilidade de diálogo do paciente com o social, fazendo trocas e intercâmbios, ou seja, auxiliar pacientes em readaptação ao convívio familiar e social. Sendo assim, o AT se oferece como alguém com quem o paciente possa se identificar e entre suas funções pode estar ajudá-lo a planejar seu cotidiano, executar um programa de atividades previamente combinadas ou atuar como um mediador entre paciente e família, facilitando o diálogo e a convivência.
Também faz parte dos objetivos do acompanhamento terapêutico aumentar a autonomia do paciente, porém sempre tomando o cuidado para que o mesmo não se exponha a situações de risco. Neste sentido, a cidade é entendida como produtora de experimentações de vida e o AT surge como uma alternativa para de romper com padrões já existentes e proporcionar ao paciente novas formas de conduta.
É através do vínculo formado com o paciente que o AT busca reinseri-lo na sociedade, utilizando, para isso, o setting ampliado, ou seja, a clínica na rua (Pitiá, 2004). Isto quer dizer que o profissional que se propõe a acompanhar o paciente esquizofrênico no seu dia-a-dia participa de sua rotina e atividades, freqüentando lugares em que o paciente circula, como escola, praça, sua casa, etc.
Por fim, é importante salientar que o profissional que lida com o portador de doença mental necessita condições de dar suporte ao descontrole, à desorganização e às diferenças que em geral aparecem nos quadros dos mesmos. Nesta direção, entendemos que o AT é aquela pessoa que vai dar amparo e apoio ao paciente esquizofrênico, de forma que este se sinta vivendo uma experiência de continuidade e constância, tanto física quanto psíquica, que possibilite seu crescimento (Palombini, 2004).
Referências
Palombini, A. L. (org). (2004). Acompanhamento na rede pública: a clínica em movimento. Porto Alegre: Editora da UFRGS.
Os portadores de esquizofrenia necessitam de cuidados especiais, pois têm dificuldade de relacionamento com as pessoas e também no trabalho e atividades diárias. Entretanto, quando estimulados, podem apresentar melhoras significativas. O AT lida com casos de grande complexidade, nos quais somente as abordagens tradicionais, como psicoterapia e intervenção medicamentosa, não conseguem dar conta. Uma das dificuldades encontradas pelos profissionais que se dedicam ao atendimento de esquizofrênicos é a falta de resultados imediatos, o que acaba por desencorajar muitas pessoas.
O acompanhamento terapêutico constitui-se, dessa forma, em uma abordagem diferenciada, na qual o AT é o agente de saúde que se dispõe a acompanhar o paciente procurando entender a dinâmica de seu funcionamento e utilizando dos espaços sociais como possibilidade de intervenção para promoção de saúde (Palombini, 2004). O principal atributo do acompanhante terapêutico é complementar o trabalho do psicoterapeuta ou psiquiatra, atuando como alguém que busca restituir a possibilidade de diálogo do paciente com o social, fazendo trocas e intercâmbios, ou seja, auxiliar pacientes em readaptação ao convívio familiar e social. Sendo assim, o AT se oferece como alguém com quem o paciente possa se identificar e entre suas funções pode estar ajudá-lo a planejar seu cotidiano, executar um programa de atividades previamente combinadas ou atuar como um mediador entre paciente e família, facilitando o diálogo e a convivência.
Também faz parte dos objetivos do acompanhamento terapêutico aumentar a autonomia do paciente, porém sempre tomando o cuidado para que o mesmo não se exponha a situações de risco. Neste sentido, a cidade é entendida como produtora de experimentações de vida e o AT surge como uma alternativa para de romper com padrões já existentes e proporcionar ao paciente novas formas de conduta.
É através do vínculo formado com o paciente que o AT busca reinseri-lo na sociedade, utilizando, para isso, o setting ampliado, ou seja, a clínica na rua (Pitiá, 2004). Isto quer dizer que o profissional que se propõe a acompanhar o paciente esquizofrênico no seu dia-a-dia participa de sua rotina e atividades, freqüentando lugares em que o paciente circula, como escola, praça, sua casa, etc.
Por fim, é importante salientar que o profissional que lida com o portador de doença mental necessita condições de dar suporte ao descontrole, à desorganização e às diferenças que em geral aparecem nos quadros dos mesmos. Nesta direção, entendemos que o AT é aquela pessoa que vai dar amparo e apoio ao paciente esquizofrênico, de forma que este se sinta vivendo uma experiência de continuidade e constância, tanto física quanto psíquica, que possibilite seu crescimento (Palombini, 2004).
Referências
Palombini, A. L. (org). (2004). Acompanhamento na rede pública: a clínica em movimento. Porto Alegre: Editora da UFRGS.
Pitiá, A. C. A. (2004). Acompanhamento terapêutico e psicoterapia corporal: o olhar sobre o corpo de quem sofre. In: Convenção Brasil Latino-americana, Congresso Brasileiro e Encontro Paranaense de Psicoterapias Corporais, versão eletrônica [CD ROM].
terça-feira, 12 de maio de 2009
Através de nossa prática de cinco anos como acompanhantes terapêuticas, percebemos que era frequente que as pessoas nunca tivessem entrado em contato com esta modalidade de tratamento, apesar de ela já existir há mais de 40 anos. Embora sua configuração tenha se alterado bastante de lá para cá e o acompanhamento terapêutico tenha ganhado visibilidade, pouco ainda se estuda e publica sobre o assunto. Sendo assim, um de nossos maiores objetivos com o blog é divulgar o acompanhamento terapêutico, não somente a profissionais e estudantes da área psi, como também a familiares e aos próprios portadores de transtornos psiquiátricos, que tanto sofrem com a falta de informação e opções de tratamento diferenciados, que levem em conta sua singularidade.
Você sabe o que é acompanhamento terapêutico (AT)?
O AT é uma prática clínica diferenciada que utiliza o espaço social e o cotidiano do paciente como meio de intervenção. Faz uso de lugares como sua residência, a rua, a escola, o local de trabalho, entre outros, para proporcionar melhorias em sua qualidade de vida. O acompanhante terapêutico (at) atua como um agente de saúde que busca restituir a possibilidade de diálogo do paciente com o social, ou seja, auxiliar pacientes em readaptação ao convívio familiar e social.
Este serviço é prestado por psicólogos ou estudantes de psicologia em fase final de curso, em períodos pré-determinados, de acordo com a necessidade do paciente e da família.
Casos em que AT é indicado:
- Pacientes psiquiátricos em geral
- Indivíduos que apresentam isolamento e empobrecimento da vida afetiva e social
- Casos de dependência de álcool ou outras substâncias químicas
- Idosos que encontram dificuldades de se articularem à vida familiar e social
- Complemento a outras modalidades de tratamento com crianças e adolescentes
Você sabe o que é acompanhamento terapêutico (AT)?
O AT é uma prática clínica diferenciada que utiliza o espaço social e o cotidiano do paciente como meio de intervenção. Faz uso de lugares como sua residência, a rua, a escola, o local de trabalho, entre outros, para proporcionar melhorias em sua qualidade de vida. O acompanhante terapêutico (at) atua como um agente de saúde que busca restituir a possibilidade de diálogo do paciente com o social, ou seja, auxiliar pacientes em readaptação ao convívio familiar e social.
Este serviço é prestado por psicólogos ou estudantes de psicologia em fase final de curso, em períodos pré-determinados, de acordo com a necessidade do paciente e da família.
Casos em que AT é indicado:
- Pacientes psiquiátricos em geral
- Indivíduos que apresentam isolamento e empobrecimento da vida afetiva e social
- Casos de dependência de álcool ou outras substâncias químicas
- Idosos que encontram dificuldades de se articularem à vida familiar e social
- Complemento a outras modalidades de tratamento com crianças e adolescentes
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