quarta-feira, 13 de maio de 2009

O trabalho do AT com pacientes esquizofrênicos

Os portadores de esquizofrenia necessitam de cuidados especiais, pois têm dificuldade de relacionamento com as pessoas e também no trabalho e atividades diárias. Entretanto, quando estimulados, podem apresentar melhoras significativas. O AT lida com casos de grande complexidade, nos quais somente as abordagens tradicionais, como psicoterapia e intervenção medicamentosa, não conseguem dar conta. Uma das dificuldades encontradas pelos profissionais que se dedicam ao atendimento de esquizofrênicos é a falta de resultados imediatos, o que acaba por desencorajar muitas pessoas.
O acompanhamento terapêutico constitui-se, dessa forma, em uma abordagem diferenciada, na qual o AT é o agente de saúde que se dispõe a acompanhar o paciente procurando entender a dinâmica de seu funcionamento e utilizando dos espaços sociais como possibilidade de intervenção para promoção de saúde (Palombini, 2004). O principal atributo do acompanhante terapêutico é complementar o trabalho do psicoterapeuta ou psiquiatra, atuando como alguém que busca restituir a possibilidade de diálogo do paciente com o social, fazendo trocas e intercâmbios, ou seja, auxiliar pacientes em readaptação ao convívio familiar e social. Sendo assim, o AT se oferece como alguém com quem o paciente possa se identificar e entre suas funções pode estar ajudá-lo a planejar seu cotidiano, executar um programa de atividades previamente combinadas ou atuar como um mediador entre paciente e família, facilitando o diálogo e a convivência.
Também faz parte dos objetivos do acompanhamento terapêutico aumentar a autonomia do paciente, porém sempre tomando o cuidado para que o mesmo não se exponha a situações de risco. Neste sentido, a cidade é entendida como produtora de experimentações de vida e o AT surge como uma alternativa para de romper com padrões já existentes e proporcionar ao paciente novas formas de conduta.
É através do vínculo formado com o paciente que o AT busca reinseri-lo na sociedade, utilizando, para isso, o setting ampliado, ou seja, a clínica na rua (Pitiá, 2004). Isto quer dizer que o profissional que se propõe a acompanhar o paciente esquizofrênico no seu dia-a-dia participa de sua rotina e atividades, freqüentando lugares em que o paciente circula, como escola, praça, sua casa, etc.
Por fim, é importante salientar que o profissional que lida com o portador de doença mental necessita condições de dar suporte ao descontrole, à desorganização e às diferenças que em geral aparecem nos quadros dos mesmos. Nesta direção, entendemos que o AT é aquela pessoa que vai dar amparo e apoio ao paciente esquizofrênico, de forma que este se sinta vivendo uma experiência de continuidade e constância, tanto física quanto psíquica, que possibilite seu crescimento (Palombini, 2004).


Referências

Palombini, A. L. (org). (2004). Acompanhamento na rede pública: a clínica em movimento. Porto Alegre: Editora da UFRGS.

Pitiá, A. C. A. (2004). Acompanhamento terapêutico e psicoterapia corporal: o olhar sobre o corpo de quem sofre. In: Convenção Brasil Latino-americana, Congresso Brasileiro e Encontro Paranaense de Psicoterapias Corporais, versão eletrônica [CD ROM].

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